Na busca por manter bons hábitos, é comum pensarmos que só vale se for tudo ou nada. Acordar cedo, treinar, comer 100% limpo, beber 3 litros de água, dormir bem… Mas e quando a vida acontece?
Essa semana, em um atendimento, ouvi algo que me fez refletir sobre o quanto somos duras conosco.
Uma paciente chegou visivelmente frustrada. Ela sempre foi muito dedicada aos treinos, mas naquele momento, seus filhos pequenos haviam adoecido e a rotina virou de cabeça para baixo. Dormiu pouco, reorganizou toda a logística da casa e, com a voz embargada, me disse:
“Débora, me sinto péssima. Não consegui ir pra academia nenhuma vez. Parece que joguei tudo fora.”
Mas será mesmo que foi tudo ou nada?
Ao conversarmos, percebi que, mesmo no meio do caos, ela se manteve presente.
Ela organizou suas refeições.
Se hidratou.
Fez pequenas pausas no dia para respirar.
E, acima de tudo, não se desconectou de si — buscou apoio, compartilhou suas dificuldades.
Aquilo ali, que ela via como um fracasso, era o 10% que a manteve no caminho.
O peso do “tudo ou nada”
A autocobrança, muitas vezes, nos impulsiona.
Ela nos lembra dos nossos compromissos e metas.
Mas, quando inflexível, ela também nos paralisa.
Nos faz achar que, se não conseguimos fazer tudo, não vale fazer nada.
Só que entre o 0% e o 100%, existe o 10%.
E esse 10% é poderoso.
É ele que evita recaídas maiores.
É ele que nos conecta com o cuidado possível.
É ele que nos lembra que seguimos presentes, mesmo em dias difíceis.
O que vale é continuar, mesmo que em modo manutenção
Talvez hoje você não consiga treinar.
Mas talvez consiga fazer uma boa escolha alimentar.
Ou tomar um copo d’água ao acordar.
Ou respirar fundo antes de descontar a frustração na comida.
Essas pequenas escolhas contam.
Elas mostram que você não está no zero.
Está em movimento — mesmo que lento.
E isso merece reconhecimento.
Não subestime o poder do 10%. Ele pode não mudar o mundo, mas pode mudar o seu dia.