Nutri Debora Alves

Por que começamos a semana cheias de disposição e perdemos o ritmo antes da sexta-feira?

A cena é comum: segunda-feira chega e, junto com ela, uma vontade real de “agora vai”. A organização parece mais fácil, a alimentação flui, a motivação aparece. Mas conforme os dias passam, algo começa a mudar. A clareza diminui, a energia cai, as escolhas ficam mais difíceis. Para muitas mulheres, quinta-feira já é o momento em que a disciplina se esgota e tudo aquilo que parecia firme no início da semana começa a escapar pelas mãos.

Essa oscilação não acontece por falta de força de vontade, como tantas vezes você ouviu. Na verdade, ela tem muito mais a ver com a forma como o corpo e a mente funcionam ao longo da semana. E entender isso muda tudo, porque tira você do lugar da culpa e te coloca no lugar da consciência e da estratégia.

No começo da semana, o cérebro está mais descansado. A rotina ainda não cobrou o seu preço, a lista de decisões ainda está no início e o corpo responde de forma mais estável. A alimentação tende a ser mais organizada e isso mantém a saciedade regulada. Só que, conforme a semana avança, entramos em um ciclo natural de desgaste. O corpo acumula fadiga, o trabalho acelera, as demandas da casa aumentam, e a mente passa o dia inteiro resolvendo microdecisões que drenam energia de forma silenciosa.

Quando a alimentação não está estruturada para dar suporte a esse desgaste, a queda é inevitável. Se você passa longos períodos sem comer, se falta proteína durante o dia ou se as refeições ficam desorganizadas, o corpo chega no fim da semana com fome acumulada. E essa fome não é emocional. É fisiológica. É o corpo pedindo o que não recebeu ao longo dos dias. É por isso que quinta e sexta parecem tão difíceis. Não é falta de foco. É falta de combustível.

Existe também um aspecto emocional que pesa mais no final da semana. A sensação de cansaço mental aumenta, a rotina parece mais pesada, e qualquer frustração pequena ganha proporção maior. Isso faz com que a busca por alimentos mais palatáveis seja quase automática, porque o cérebro entende que eles trazem alívio rápido. Quando você está desgastada, o corpo não quer salada. Ele quer sobrevivência.

A boa notícia é que esse ciclo não precisa continuar. Quando você aprende a distribuir melhor a alimentação, quando inclui proteína nas refeições, quando programa pequenos ajustes para os horários mais críticos e quando organiza a rotina alimentar respeitando sua vida real, a quinta-feira deixa de ser o inimigo da constância. A energia se mantém mais estável e o comportamento deixa de oscilar tanto.

Constância não é sobre começar a semana motivada. É sobre manter o ritmo apesar da rotina. E isso se constrói com estratégia, não com perfeição. Quando o corpo recebe o suporte que precisa, a mente acompanha. E aquela história de “eu sempre desando no final da semana” deixa de ser uma verdade e passa a ser só um padrão antigo que finalmente foi substituído.

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