Nutri Debora Alves

Nem toda fome é sobre comida

Há dias em que a vontade de comer aparece de repente: não é o horário das refeições, o corpo não parece vazio, mas a cabeça insiste em buscar algo, geralmente um doce, um salgado, algo rápido que traga alívio. Na maioria das vezes, o que buscamos nesses momentos não é saciedade física, é conforto.

Essa é a chamada fome emocional, e ela é muito mais comum do que parece, surge quando o corpo está cansado, a mente sobrecarregada e as emoções não encontram espaço para respirar. A comida acaba se tornando o meio mais acessível para aliviar o que sentimos, porque está perto, é prazerosa e, por alguns minutos, realmente nos acalma.

O problema não é comer, e sim usar a comida como única resposta para o que o corpo e a mente tentam comunicar. Quando o comer se transforma na única forma de lidar com estresse, frustração, ansiedade ou solidão, o ciclo de culpa e desconforto se repete. A sensação de alívio vem, mas é passageira e, logo depois, surge o peso de ter exagerado, o julgamento e a promessa de “na segunda eu recomeço”.

A mudança começa quando entendemos que nem toda fome se resolve com comida, às vezes, o corpo está pedindo pausa, sono, silêncio ou simplesmente um momento para respirar. Em outras, o que falta é conexão, consigo mesma, com o presente, com o que se sente. É nesse ponto que aprender a reconhecer os sinais do corpo se torna fundamental.

Antes de buscar algo para comer, experimente fazer uma pausa curta e se perguntar: o que eu realmente estou precisando agora? Talvez seja fome. Mas talvez seja descanso, movimento, um copo d’água ou uma conversa. E se ainda assim decidir comer, que seja com consciência, escolhendo alimentos que te nutram e tragam conforto sem culpa.

Cuidar da alimentação vai muito além de seguir um plano alimentar, é sobre aprender a ouvir o próprio corpo, entender os gatilhos e respeitar as necessidades de cada momento. A nutrição que transforma não é a que impõe restrições, mas a que ensina a se escutar.

Meu papel como nutricionista é te ajudar a encontrar equilíbrio entre o que o corpo precisa e o que a mente pede, construindo uma rotina alimentar que faça sentido para a sua vida real. Comer bem também é sobre se conhecer, e quando você aprende a se escutar, o cuidado deixa de ser obrigação e passa a ser um gesto de presença.

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